Rajshree Patel – Yoga, Felicidade e Dia da Mulher

No dia Internacional das Mulheres 08.03, lançamos o primeiro episódio da série Conversa com um Yogi, uma conversa com uma das mulheres mais inspiradoras do mundo. Assista o vídeo e saiba mais sobre como integrar o yoga em sua vida, entenda a energia feminina que rege o mundo, descubra como superar o maior obstáculo para a felicidade e conheça mais sobre a vida de sabedoria e resiliência de Rajshree.

Episódio 1 - Rajshree Patel

Alessandro: Olá, sou Alessandro fundador da Yogateria e hoje começamos um novo podcast e entrevistas com yogis. E hoje também é o dia da mulher !

Estou aqui com Rajshree Patel, que é uma palestrante inspiradora, professora avançada de meditação. Ela viajou por todo o mundo, pelos últimos 40 anos, inspirando pessoas em todos os lugares. E claro, ela é uma grande yogi. Estou realmente honrado de ter uma boa conversa com ela.

Oi Rajshree.

Rajshree: Oi Alessandro, como você está?

Alessandro: Ótimo.

Você estava em minha mente hoje, para ser a primeira pessoa a ser entrevistada. Hoje (08.03) é dia da mulher, eu acho que você é uma das mulheres mais inspiradoras que eu conheço.

Rajshree: Muito obrigada. Estou tão feliz por estar aqui com você. Isto é divertido.

Alessandro: Sim. Agora você está em Los Angeles, certo?

Rajshree: Eu estou sentado em West Hollywood aqui fora, aproveitando o sol, neste dia internacional da mulher, com helicópteros sobrevoando aqui, então eu espero que você me ouça bem.

Alessandro: Sim.

Estamos te ouvindo bem. Sei que sua jornada de yoga começou bem cedo. Como começou?

Rajshree: Quando eu comecei no yoga, lá em 1989, ninguém tinha ouvido falar sobre yoga. Na verdade, era uma daquelas coisas que as pessoas olhavam como uma coisa estranha e super nerd de se fazer, sabe?

Imagina em 1989 estar dizendo às pessoas: Yoga é bom para você, para sua saúde, para sua mente para seu corpo, para sua conexão. Eles apenas olhavam para você, e a ideia deles de yoga era um yogi dormindo em uma cama com pregos, ou algo assim. Muito estranho.

Apesar de ser da Índia, eu não tinha sido exposta a isso. Eu acidentalmente, e talvez universalmente, com um grande plano, não sei, pensando que estava indo para um concerto de música do Ravi Shankar. Quando cheguei, encontrei Sri Sri Ravi Shankar, mestre iluminado, de Bangalore na Índia. É um nome comum Ravi Shankar como José ou John na América.

Assim começou minha jornada no yoga e eu não digo apenas Hatha Yoga, como posturas corporais, mas digo, no meu mundo interior, me observando de dentro para fora, não apenas de fora para dentro, sabe.

Alessandro: Ótimo. Você disse algo que também é muito importante para mim, yoga não é apenas Hatha Yoga, posturas físicas, asanas, é muito mais, é um estilo de vida. Te conheço pessoalmente, sei que você leva isso com você. Essa presença, esse conhecimento e a disciplina na prática, no sadhana.

Conte-me mais sobre como é sua agenda normalmente e o que você quiser compartilhar sobre sua prática diária.

Rajshree: Eu acho que você disse um ponto muito bom, saber que é um estilo de vida. Nós não pensamos sobre isso, certo? Nós escovamos os dentes, temos higiene dental todos os dias, e todas as manhãs não ficamos na frente do espelho dizendo: oh, eu estou escovando meus dentes. Estou fazendo algo novo.

Apenas fazemos naturalmente, sem pensar nisso como parte da vida. Assim como tomar banho, ter roupas limpas, arrumar os cabelos e colocar nossa maquiagem. É apenas algo que fazemos para cuidar de nós mesmos.

Bem… da mesma forma, yoga é algo que fazemos para cuidar de nosso interior, de forma natural e fácil, e diariamente como estas outras coisas: comer, dormir, higiene. Certo? Na verdade, é que na Índia ou em qualquer tradição, essa parte de olhar para dentro era normal. Era natural. Não era algo que algumas pessoas faziam e outras não. Esquecemos em algum lugar ao longo do caminho.

O que aconteceu para mim, depois daquele encontro com Sri Sri Ravi Shankar, é que eu percebi que estava ignorando um aspecto profundo e mais valioso de mim mesma, meu panorama interno, minha mente, minhas emoções, minha consciência, e isso iniciou uma jornada e se tornou minha prática diária.

Então, o que faço diariamente? Higiene mental. Eu escovo os meus dentes, tomo banho, como, e me sento um pouco com os olhos fechados. Antes de fazer isso, antes de ficar com os olhos fechados, eu movo meu corpo. Faço alguns exercícios, não precisa ser muito. Você não precisa se sentir como Power Yoga, ou só praticar em lugar quente onde deve suar. Essas são coisas extras.

O que estou sugerindo é, todo dia desenrole um tapete de yoga. Por pelo menos 10 a 15 minutos, alongue seu corpo interna e externamente. Fazendo cachorro olhando pra baixo, uma postura do guerreiro, postura da criança, uma torção da coluna vertebral. Apenas essas cinco ou sete coisas básicas, se você fizer, ao terminar, você fecha os olhos, e já está se cuidando por dentro e por fora.

Então, para mim, essa é minha rotina diária. Demora um pouco mais do que isso. Eu não faço Yoga por apenas por 5 ou 10 minutos, mas você sabe que eu viajo muito, há dias e semanas em que nem tenho espaço para fazer mais, mas ainda vou fazer cinco ou dez minutos e isso é suficiente para as pessoas.

Sabe, eu quero inspirar as pessoas a não pensarem que isso vai  tirar um tempo muito longo. Na verdade, vai dar tempo. Se você fizer algo por 10 minutos que te centre, que te aterre,  algo que fortaleça sua imunidade, seu corpo, você consequentemente vai dormir melhor, se conectará melhor com as pessoas. Hoje, todo mundo sabe disso sobre o yoga, porém de alguma forma, apenas não faz disso uma prioridade.

Alessandro: Sim. Sim, é incrível! E hoje é o dia das mulheres. 8 de março é dias das mulheres, e o mundo na verdade é movido pelo poder das mulheres, mais do que pelo poder dos homens.

Rajshree: Eu acho. Acho que mais homens precisam ouvir isso de você.

Alessandro: Também, acho que muitas mulheres no mundo ainda se sentem desvalorizadas pelos homens, mas acho que você tem uma mensagem para elas, como elas podem sentir o poder que têm e que mentalmente pensam que estão sendo descapacitadas pelos homens.

Rajshree: Sim, eu acho que é um ótimo ponto e talvez a resposta esteja na sua pergunta.

A forma como percebemos, é como criamos nossa realidade e a vida ao nosso redor. Sabe, tudo no final, é um ponto de vista. Se você vê o copo meio vazio, então ele está vazio. Se você vê pela metade, está cheio. Se você vê metade completamente cheia com água e a outra metade com ar como diz Jeff Bezos, líder da Amazon.

Isso não significa que não exista disparidades da forma como algumas pessoas tratam as outras, como melhores ou piores. Não estou dizendo isso. Mas o que realmente ajuda para qualquer mulher, homem ou qualquer ser humano é ir além.

Elevar seus pensamentos, suas crenças, sua percepção e sendo uma mulher, às vezes nós mesmos pensamos: “oh, se eu fosse mais forte como os homens”. Não. Nossa capacidade de conectar, cuidar, amar, é algo inato. É claro que os homens também têm, mas como mulheres enquanto criamos os filhos, ao nos conectarmos com uma vida que vem para o mundo sob nossos cuidados em nossas mãos. Há uma capacidade mais fácil de compartilhar, de compartilhar com o coração.

Se realmente perceber que no final o amor é o maior poder, a ferramenta mais forte que você possuir e confiar nela. Então você é quem você é. Pelo menos é assim que eu opero. Não tenho medo de ser vulnerável e não tenho medo de compartilhar o que eu sinto.

Se é em um restaurante para realmente elogiar alguém que está lá me servindo. Ou enquanto ando na rua, ou nos correios, ou com meus colegas, apenas para dizer: “oh, meu Deus, que lindo!” Ou quão gentil foi isso que você fez. Isso é um poder que as mulheres têm e eu convido pessoas a realmente se conectarem com isso e usar, e ver que isso é nossa beleza. Essa é a nossa graça. Posso apenas dizer mais uma coisa?

No vedanta, sabe, o sistema védico da Índia, mulheres e os homens recebem um lugar igual, sem o yin, o yang não existe. E sem o yang, o yin não existe. O que é muito bonito, é que o mundo que está na nossa frente o que vemos, tocamos e sentimos, é visto como o princípio feminino.

Energia feminina, yin, é  que está por baixo do mundo que não podemos ver, mas está guiando todas as coisas manifestadas. O que podemos ver, o que queremos ver, o que queremos criar, os resultados que queremos, é visto como yang, como masculino.

Então, o mundo à nossa frente é todo feminino e se pudermos nos conectar nisso podemos realmente criar os resultados que queremos, e eu falo um pouco sobre isso no meu livro ‘O poder da força vital’ que, a propósito, está para ser lançado no Brasil. Em junho, e em português, então eu convido pessoas a olhar para ele. Não apenas porque eu escrevi o livro, mas empoderando cada um para ver que somos muito mais do que nosso gênero, nossas crenças e nossas suposições e identidade.

Alessandro: Maravilha! As mulheres, e os homens também precisam ouvir isso, na verdade.

Rajshree: Sim.

Alessandro: A última pergunta. Qual é a principal limitação que as pessoas têm para alcançar a felicidade, qual é o maior obstáculo que têm para atingir a felicidade?

Rajshree: Eu acho que é a maior razão, bem… existem níveis diferentes de felicidade, certo? Existe a felicidade sensorial :“Oh, eu sinto vontade de comer sorvete.” Pego o sorvete e estou feliz. É o paladar, certo? Uma felicidade momentânea sensorial. Há uma qualidade nisso.

Depois há um segundo grau de felicidade, ou seja, “ Eu faço o sorvete”, tem mais alegria nisso. “Olha, eu aprendi a fazer sorvete, e eu fiz.” Então, o terceiro nível de felicidade é “ Eu não apenas fiz o sorvete, mas eu ensinei o Alessandro e outros a fazerem sorvete”. Isso traz essa felicidade mais profunda e duradoura. Mas ainda maior que isso é essa noção de felicidade de quem somos.

Nascemos felizes, um pacote de alegria, que é um bebê. Esquecemos que a nossa natureza, debaixo de tudo, é a própria felicidade. Então, o obstáculo é que esquecemos de olhar para dentro. Associamos nossa razão de ser feliz a coisas fora de nós e realmente basta alguns momentos por dia para fechar os olhos e dizer, eu sou a fonte disso.

Eu posso fazer a mudança. De certa forma, é uma decisão. Isso não significa que você não tem altos e baixos. Certamente posso lhe dizer, nos últimos dois três anos, eu passei por tantos desafios, onde foi necessário resiliência e resistência. Mas, novamente, isso não tirou de mim quem eu sou. É o momento, é o que necessário para passar por isso. Então você quer ser feliz? Eu digo, escolha ser feliz. Não se prenda nas pequenas coisas e isso fará toda a diferença.

Alessandro: Então a felicidade é uma escolha que todos podemos fazer.  Esta é a última mensagem que você nos deu.

Estou muito feliz em ter você aqui. Você abre essa série de conversas que teremos com yogis pelo mundo e no Brasil também, e claro, temos a sua benção neste negócio, que também é feito 60% por mulheres a Yogateria.

Nesta loja online de produtos de yoga, temos 60% dos funcionários são mulheres. Estamos seguindo o yin e yang também.

Rajshree: Alessandro, eu só quero desejar-lhe, claro, o negócio que você está fazendo, tudo de melhor. Uma das maiores coisas sobre você é a sua naturalidade, sua disposição a dizer o que você pensa, o que sente e depois fazer a diferença, no que você está fazendo agora, este podcast e esta entrevista, e trazendo produtos que inspiram as pessoas a dizer  que eu quero olhar para dentro e depois o que você acabou de dizer está bem. 60% são mulheres. Eu sei que esse é um estado natural para você, sua tranquilidade e naturalidade. Tenho certeza de que vai fazer um grande sucesso e mais do que isso, um grande impacto em muitas vidas.

Desejo-lhe o melhor, absolutamente o melhor. Obrigado.

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